Eis algumas regras que o ajudarão a construir e analisar gráficos
Muitos são os que lutam para compreender o significado da informação quando esta é apresentada sob a forma de gráficos. Este problema é mais importante do que parece. Se tivermos em conta que os gráficos são uma excelente forma de sintetizar uma mensagem num mundo saturado de informação, saber que gráfico usar e como convencer uma audiência pode fazer toda a diferença. Não compreender o significado de um gráfico ou transmitir a informação errada porque se escolheu ou construiu o gráfico errado conduz à frustração geral.
Os gráficos são uma forma de comunicação
Nas nossas ações de formação em Excel, a ubíqua máquina de produzir gráficos, costumo apresentar um conjunto simples de dados que compara os resultados financeiros de uma empresa com os da sua principal concorrente.
O título deste exercício é um sugestivo “como mentir com gráficos” e nele podemos ver como com o mesmo conjunto de dados, e apenas com esse conjunto de dados, chegamos a quatro conclusões totalmente diferentes:
- Os nossos resultados estão cada vez mais longe dos do nosso concorrente, estamos todos de parabéns!
- Os resultados do nosso concorrente estão cada vez mais próximos do nossos. Todo o cuidado é pouco!
- Os resultados do nosso concorrente estão a crescer mais do que os nossos. Temos de fazer qualquer coisa rápido!
- Estamos cada vez piores. Os nossos resultados estão a andar para trás!
O “truque” para alterar significativamente as conclusões da análise desta informação é mais elaborado do que a simples alteração da escala e passa por utilizar números índice e taxas de crescimento. Um olho mais atento (mais habituado a ler relatórios e contas) apercebe-se rapidamente da falácia, mas reparo que poucos formandos dispõem de uma estrutura sólida de construção e análise de informação em formato gráfico.
A escolha e construção do gráfico depende da mensagem que se pretende transmitir e isso requer uma análise prévia da informação. Não se deve construir um gráfico porque ele existe ou porque se tem medo de utilizar um gráfico novo que ainda não se utilizou.
Eis algumas regras que considero fundamentais para construir gráficos:
- É possível comparar os valores apresentados num gráfico? Ou existe alguma informação escondida ou, de alguma maneira, camuflada que dificulte a comparação dos números? Comparar é um bom princípio de análise de informação quantitativa.
- A escala de valores é ordinal ou nominal? Ou seja, estamos a tratar uma variável que se mede em unidades, peso, tempo, distância, euros, etc. ou de uma variável que não se pode medir, mas chamar pelo nome, como o nome de uma pessoa, produto ou localização?
- Podemos ordenar os valores? Quando a informação pode ser comparada, a ordenação de valores facilita a leitura e conduz a melhores conclusões.
- Será que estamos a fazer um uso inteligente da cor? A cor tem significado e pode ser utilizada para destacar informação relevante.
- É possível retirar alguma coisa do gráfico (uma série, escala, título, rótulo de dados, cor, etc.) do gráfico sem que se perder informação relevante com isso? Menos é mais. Quanto mais informação colocar num gráfico, pior ele será.
O Power BI acrescenta algumas regras novas
O Power BI vai revolucionar ainda mais a “revolução dos dados” já em curso porque permite a qualquer utilizador médio do Excel expandir significativamente a recolha e tratamento de dados das mais diversas fontes e a sua apresentação, não em gráficos estáticos, como certamente já faz, mas em dashboards interativos.
Outrora, nem todos tinham a possibilidade de aceder a ferramentas de business intelligence deste calibre.
Isto é uma mudança considerável e creio que muitas empresas estão já a optar por este tipo de solução que funciona numa lógica de “self-service” em que o destinatário da informação recebe um conjunto de gráficos, mapas, cartões, comentários, imagens, etc. devidamente organizados e apresentados num dashboard sintético e sempre atualizado com nova informação com o qual pode interagir e procurar informação que lhe interesse.
Deixamos de trabalhar informação estática, fornecida à medida.
Para o preparador de gráficos, esta mudança representa mais do que o fim da fórmula VLOOKUP e do gráfico de linhas do Excel. Ele terá que incorporar novas regras como:
- A natureza da informação está a mudar e não basta recolher números do balancete mensal. Hoje, é possível incorporar informação útil de natureza geográfica, interna ou externa à organização para a qual se trabalha.
- Há novos gráficos que permitem representar novas mensagens como mapas de manchas, diagramas Sankey, Lolipop, Treemaps, entre outros.