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22 agosto 2018
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Como fazer um diagnóstico rápido de uma empresa com a análise vertical

Periodicamente, somos confrontados com notícias nos jornais e televisões que nos dão conta dos resultados líquidos das várias empresas cotadas na bolsa. Isto acaba por ser natural, uma vez que são os lucros ou prejuízos que chamam a atenção ao leitor comum. Todavia, a publicação periódica dos resultados de uma empresa expõe um conjunto de dados que serão, igualmente, muito interessantes para quem tiver algum interesse em aprofundar a compreensão da performance da empresa.

Os resultados líquidos são apenas uma das componentes de uma demonstração de resultados. Estes são obtidos a partir da soma de todas as receitas do período, à qual é retirada a soma de todos os gastos do mesmo período. Apesar da importância de quantificar num valor só a performance financeira de uma empresa, os resultdos líquidos para o período não serão por si só suficientes para tirar uma conclusão satisfatória.

A importância da demonstração de resultados

A demonstração de resultados é um documento que se reveste de particular importância, uma vez que põe em evidência a situação económica da empresa. Através de uma análise um pouco mais detalhada, é possível criar uma imagem um pouco mais fiel do estado real da empresa e da tendência da sua evolução económica.

Existem duas análises principais que podem ser feitas à Demonstração de Resultados, a análise vertical (ou da estrutura de custos) e a análise horizontal (temporal). Hoje iremos debruçar-nos sobre a análise vertical.

A análise da estrutura de custos permite ao analista conhecer as rubricas de custo mais relevantes da empresa, em função do volume de negócios gerado ou no contexto dos seus custos totais. Esse valor pode ser facilmente calculado dividindo a rubrica em análise pelo valor de Vendas/Serviços Prestados, ou dos Custos Totais, consoante o objetivo do analista. Observemos agora a estrutura de custos de uma empresa industrial.

 

  Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4
   Valor  %  Valor  %  Valor  %  Valor  %
 CMVC  2750  35,9%  3200  36,8%   3300 37,3% 2900 34,8%
 FSE  1250  16,3%  1500  17,3%  1600 18,1% 1400 16,8%
 Gastos com pessoal  2000  26,1%  2100  24,2%  2150 24,3% 2250 27,0%
 Provisões do exercício  100  1,3%  120  1,4%  80  0,9%  100  1,2%
 Impostos  50  0,7%  60  0,7%  60  0,7%  20  0,2%
 Outros gastos operacionais  10  0,1%  10  0,1%  10  0,1%  10  0,1%
 Amortizações 1000 13,1% 1250 14,4% 1250 14,1% 1250 15,0%
 Juros e gastos financeiros  500  6,5%  450  5,2%  400  4,5%  400  4,8%
 Custos totais  7660  100,0%  8690  100,0%  8850  100,0%  8330  100,0%

Na demonstração acima, verificamos que os custos de mercadorias vendidas e consumidas apresentam os valores de maior relevo. Isto acaba por ser natural, uma vez que se trata de uma indústria transformadora, que usa matérias-primas adquiridas na sua atividade operacional. É também possível observar que os principais custos da empresa se mantêm estáveis ao longo dos períodos seguintes, o que estará relacionado com o facto de se tratarem de custos variáveis (dependentes da atividade operacional da empresa).

Caso estendêssemos esta análise a uma empresa de serviços, verificaríamos que a estrutura de custos seria substancialmente diferente – os gastos com pessoal seriam, provavelmente, a rubrica mais importante, ao passo que o valor da rubrica dos custos de mercadorias vendidas seria marginal ou mesmo nulo.

Poderia ser igualmente interessante para o analista fazer uma análise semelhante à estrutura de custos da empresa, mas desta vez com base no Volume de Negócios gerado em vez da avaliação no contexto dos custos totais. Assim seria possível obter mais informações acerca do estado da empresa e que iriam complementar a análise anterior.

A análise vertical não se fica só pela análise dos custos da empresa no contexto da sua demonstração de resultados. É também possível aplicar a mesma lógica para os ganhos da empresa e tirar daí conclusões igualmente úteis, como perceber se os resultados positivos ou negativos têm origem em rendimentos ou gastos correntes/não-correntes. Esta análise é também extensível às outras demonstrações financeiras, como por exemplo, ao Balanço (de forma perceber como estão estruturados o Ativo e o Passivo).

No próximo artigo, iremos focar na análise horizontal de custos, que poderá ser um bom complemento à interpretação da situação financeira e económica da empresa.

Ficheiros em anexo

Eduardo Ribeiro

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