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06 fevereiro 2018
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Que rácios para a análise financeira?

A análise de rácios não permite retirar conclusões sobre o desempenho das empresas, mas antes entender a sua evolução em determinados contextos. As tomadas de decisão devem ter por base a análise e interpretação dos indicadores económico-financeiros, observados ao longo do tempo, e tendo por comparação a análise setorial e dos concorrentes, apoiadas na leitura das demonstrações financeiras.

Neste sentido, vamos fazer a apresentação dos principais indicadores que poderão ser úteis na interpretação e compreensão da análise financeira de uma empresa, nomeadamente os indicadores relacionados com a estrutura financeira, liquidez, rendibilidade, funcionamento e risco.

Estrutura financeira

A estrutura financeira evidencia a importância entre as fontes de financiamento e a forma de aplicação desses recursos, pelo que haverá uma estrutura ótima de capital quando o custo do capital for mínimo. Deste modo, será possível maximizar o valor de uma empresa.

Vamos, então, analisar os principais rácios relacionados com a estrutura financeira: Autonomia financeira e Solvabilidade.

A Autonomia Financeira reflete a solidez financeira e a capacidade das empresas para cumprirem as suas obrigações não correntes. Por outras palavras, representa a percentagem dos ativos totais da empresa financiados pelos capitais próprios. Quanto maior for o seu valor, menor é o peso dos capitais alheios no financiamento dos ativos.

Autonomia Financeira = Capital Próprio / Ativo * 100

Solver uma dívida significa pagar uma dívida. Assim, o rácio de Solvabilidade permite avaliar a capacidade de uma empresa garantir a liquidação do seu passivo com recurso aos seus capitais próprios. Se isto não acontecer, a empresa está insolvente, ou seja, falida.

Solvabilidade geral = Capital Próprio / Capital Alheio

Liquidez

De forma simplista, liquidez significa ter dinheiro disponível ou consegui-lo de forma fácil, para satisfazer compromissos imediatos, normalmente com prazos inferiores a um ano. Assim, vamos analisar os rácios de liquidez geral, de liquidez reduzida e de liquidez imediata.

O rácio de Liquidez geral evidencia em que medida as obrigações de curto prazo estão cobertas pelos ativos que podem ser convertidos em “liquidez” no prazo de um ano.

Liquidez geral = Ativo Circulante / Passivo Circulante

Este rácio deve ter um valor superior a 1 (ou 100%), o que demonstrará que o valor dos ativos correntes é superior ao valor dos passivos exigíveis a curto prazo. Nestas circunstâncias, a empresa encontra-se numa situação de equilíbrio financeiro, mas isto não é sinónimo de inexistência de problemas de liquidez.

O rácio de Liquidez reduzida (também conhecido por Acid Test), tem a mesma finalidade do anterior, mas excluiu do numerador os ativos correntes menos líquidos. Se o valor deste rácio for superior a 1, significa que mais de 100% das responsabilidades de curto prazo poderão ser satisfeitas recorrendo aos meios financeiros líquidos (caixa e depósitos bancários) e à cobrança de créditos de curto prazo.

Liquidez reduzida = Ativo Circulante - Inventários / Passivo Circulante

A Liquidez imediata é utilizada para conhecer o grau de cobertura dos passivos circulantes pela liquidez imediata, ou seja, a capacidade de a empresa cumprir com as suas obrigações no curto prazo, apenas com os seus meios financeiros.

Liquidez imediata = Meios Financeiros / Passivo Circulante

Ao se efetuar a análise aos rácios de liquidez, deve-se ter em conta o ciclo de exploração e os prazos médios de pagamentos e de recebimentos. À semelhança de outros indicadores, os rácios de liquidez não devem ser utilizados isoladamente para analisar a situação financeira da empresa a curto prazo porque têm uma natureza estática e refletem a situação da empresa em determinado momento.

Rendibilidade

O estudo da rendibilidade permite avaliar se uma empresa é rentável e a eficiência da utilização dos seus recursos. Neste tipo de rácios, analisamos a Rendibilidade das Vendas, a margem EBITDA, a Rendibilidade do Ativo e a Rendibilidade dos Capitais Próprios.

A Rendibilidade das Vendas reflete a rendibilidade da empresa após terem sido considerados os gastos de exploração. Indica, de forma genérica, quanto é que cada venda contribuiu para a obtenção do resultado do exercício.

Rendibilidade das Vendas = Resultado de Exploração / Volume de Negócios

A margem EBITDA (Earnings Before Interests, Tax, Depreciation and Amortization), ou em português «Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização», tem sido considerada de interesse para se ter uma perspetiva de rendibilidade da empresa sem afetação dos financiamentos, das amortizações e provisões e impostos sobre lucros. Ao não incluir as despesas com depreciação e amortização, a margem EBITDA pode ser vista como uma aproximação do fluxo de caixa (e não do lucro) da empresa em cada unidade monetária que vende, antes de descontar despesas financeiras ou impostos. A margem EBITDA é calculada da seguinte forma:

Margem EBITDA = EBITDA / Volume de Negócios

A Rendibilidade do Capital Próprio é a medida de eficiência que os analistas (sócios, investidores ou outros) mais usam, uma vez que representa a remuneração do capital investido pelos detentores de capital.

Rendibilidade Capital Próprio = Resultado Líquido / Capital Próprio

Funcionamento

Os rácios de funcionamento são utilizados para analisar a eficiência na gestão das empresas, tendo em conta o seu ciclo de funcionamento. Dado que as condições de funcionamento diferem entre os diversos setores de atividade, estes rácios só têm sentido quando comparados com empresas semelhantes, em atividade e em caraterísticas económico-financeiras. Os rácios de funcionamento podem ser baseados em unidades monetárias ou em unidades físicas.

Vamos analisar 3 indicadores principais: Prazo Médio de Pagamentos, Prazo Médio de Recebimentos e Prazo Médio de Rotação dos Inventários.

O Prazo Médio de Pagamentos é o rácio que mede a celeridade (em dias) com que a empresa costuma pagar as suas dívidas aos fornecedores:

PMP = Fornecedores / Compras + FSE x 365

Quanto mais baixo o seu valor, menor o financiamento obtido pelas empresas através dos seus fornecedores. Isto pode revelar que falta poder negocial junto dos fornecedores ou ser uma política para obter descontos ou vantagens económicas por parte desses fornecedores.

O Prazo Médio de Recebimentos traduz a rapidez com que a empresa recebe dos seus clientes:

PMR = Clientes / Volume de Negócios x 365

Um PMR alto é desfavorável e pode demonstrar ineficiência nos recebimentos ou falta de poder de negociação. Por outro lado, o aumento de dias, ou maior crédito concedido a clientes, pode ser uma forma de conseguir mais clientes.

O Prazo médio de rotação dos inventários traduz o tempo que os inventários estão em armazém.

PMRI = Inventários / CMVMC x 365

A redução deste indicador pode significar que se está a vender mais rapidamente, mas devemos atender que uma redução drástica pode implicar a falta de inventário e por conseguinte de vendas.

Risco

No exercício da sua atividade as empresas as empresas enfrentam um conjunto de riscos que influenciam o seu desempenho. Assim, risco pode ser definido como a hipótese de perda e quanto maior essa hipótese maior o risco. Na análise financeira, o risco deve ser visto como a variação provável dos fluxos de caixa futuros e divide-se em dois grupos: o risco do negócio e o risco financeiro.

O risco do negócio está associado à gestão de exploração da empresa e o risco financeiro está associado à estrutura de capital e aos fluxos de caixa e gastos de funcionamento.

A nível do risco do negócio temos como indicadores relevantes o Ponto Crítico e a Margem de Segurança.

O primeiro corresponde ao nível de atividade em que a empresa não tem lucro nem prejuízo operacional. Quanto maior o Ponto Critico, maior o risco.

Ponto crítico = Gastos Fixos / (1- Gastos Variáveis / Volume de Negócios)

O segundo traduz o nível de segurança com que a empresa trabalha. Quanto maior a margem de segurança, menor o risco.

Margem Segurança = Volume de Negócios / Ponto Crítico -1

O risco financeiro traduz a probabilidade de uma empresa não conseguir resultados operacionais suficientes para cobrir os juros suportados e outros gastos de financiamento, sendo o indicador a analisar o Grau de Alavancagem Financeira.

Este indicador define-se como a variação percentual que ocorre nos resultados antes de impostos decorrente de uma variação percentual nos resultados operacionais, e quanto maior o GAF maior o risco financeiro.

GAF = EBIT / Resultados Antes de Impostos

O cálculo e interpretação destes diferentes tipos de rácios não devem ser isolados das caraterísticas específicas de cada empresa, do sector onde operam, dos critérios de valorização e mensuração utilizados na contabilidade nem de informação complementar de qualidade para uma adequada análise da situação económica e financeira da sua empresa.

A nossa folha de cálculo Análise Financeira é um recurso muito útil para o auxiliar na análise do desempenho financeiro e o valor da sua empresa a partir das Demonstrações Financeiras.

 

Ficheiros em anexo

Vasco Nogueira

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